O comunicado afirma que o governo brasileiro tem "empreendido uma agressão descarada e grosseira contra Nicolás Maduro". A Venezuela diz que o Itamaraty "tenta enganar" a comunidade internacional ao se fazer de vítima. As críticas do ditador Maduro aumentaram após a reunião do Brics na semana passada, na Rússia. O Brasil vetou a entrada da Venezuela no grupo em último encontro — o presidente Lula (PT) não participou por ter sofrido um acidente doméstico na véspera da viagem. O regime ditatorial de Maduro afirma que o Brasil tem também agido contra a sociedade venezuelana. Segundo o texto, o Itamaraty atuaria "em uma campanha sistemática e violadora dos princípios da Carta das Nações Unidas, como a soberania nacional e a autodeterminação dos povos, inclusive violando a própria Constituição brasileira em seu mandato de não ingerência em assuntos internos dos estados".
O documento foi publicado um dia após o Itamaraty divulgar uma nota dizendo que recebia "com surpresa o tom ofensivo adotado" por autoridades venezuelanas. Além do veto no Brics, o Brasil não reconheceu a vitória de Maduro este ano e o comportamento de Celso Amorim, assessor especial de Lula para assuntos internacionais, estariam incomodando o ditador.
O governo bolivariano exorta, uma vez mais, à burocracia do Itamaraty a desistir de imiscuir-se em temas que só competem aos venezuelanos, evitando deteriorar as relações diplomáticas entre ambos os países, para o qual devem assumir uma conduta profissional e diplomaticamente respeitosa, tal qual demonstrou a venezuelana por meio de sua política externa.Trecho de comunicado da Venezuela
Na quarta-feira, Maduro convocou seu embaixador em Brasília, Manuel Vadell, para "consultas". Conforme mostrou o colunista do UOL Jamil Chade, na prática diplomática, isso é um gesto para mostrar repúdio a outro governo e um primeiro passo para uma eventual retirada completa da representação no país.